quarta-feira, 12 de maio de 2010

Uma tarde no bairro

Estou eu aqui sentado em uma mesa que não é minha,
usando um computador que não é o meu
(saudades da Remington 15...)
e escrevendo palavras atiradas à esmo,
tal qual um amanuense outrora já romantizado.

Observo solenemente mais uma tarde chuvosa,
com saudades de um tempo remoto
onde crianças corriam em direção às águas
no intuito de jogar um simples futebol

Acendo um cigarro azul calcinha
esfumaço o ambiente
tempo que passa voando
vontades não tão diferentes



Assim, seguindo uma rotina descabida em horários incondizentes,
lembro-me do velho Chico (não o pluvial) ao me alegrar
por uma sobremesa me esperar em casa.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Conselho

O conselho é uma coisa fascinante e curiosa. Todos nós somos perfeitos ao dar conselhos e ao proferir algumas palavras de sabedoria alguns ficam com uma pulga atrás da orelha, pensando que se seguissem o que acabaram de dizer, resolveria metade dos seus problemas. Estranho como quem dá conselhos não segue à risca aquilo que recomenda. Mulheres são conselheiras profissionais, de natureza, mas com uma diferença dos homens, diferença mínima.
Os conselhos masculinos são baseados em tudo o que o conselheiro em questão gostaria de ser ou fazer, já os femininos são baseados no que a conselheira é. Mulheres solteiras lhe aconselham a separação diante de uma crise de relacionamento, já as casadas recomendam uma terapia de casal e ainda argumentam com o “bonustrack” do sermão tipo: “o que Deus uniu não é pra separar” ou “casamento é assim mesmo, tem que ceder” e por aí vai.
Homens são desbravadores sonhadores ( dentro do universo masculino claro ). Querem a liberdade e a superioridade e seus conselhos são baseados nisso, como uma lei, um alcorão pra machos seguido religiosamente. Homens devem controlar suas mulheres e mostrar quem manda.
-Porra Carlão! Vai deixar essa mulher mandar em você assim? Vai abaixar?
-Não é isso cara! Pisei na bola também. Disse umas coisas que não deveria.
-Não interessa! Falou ta falado e você tem que mostrar quem manda aqui. Vou te dar um conselho: Não começa a abaixar a cabeça se não depois ela começa a controlar até o ar que você respira.
E assim segue as criaturas do Tio Darwin pela vida afora. Conselhos e mais conselhos, troca de experiências não vividas, idealismos baseados em nada e todos caminhando para o mesmo destino: CONDOMÍNIO CHÁCARAS DO SOL, apenas 40 minutos do centro e com uma imensa área verde. Prestações a partir de R$300,00 / mês.
Vendas no local.
Ah! E um conselho: Desconsidere esse texto.
Obrigado, pode desligar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Inútil

Assim como os dias úteis deveriam existir os dias inúteis, porque se pensar bem o fim de semana não pode ser considerado inútil. Precisamos de dias totalmente inúteis como um vazio no calendário, uma lacuna a ser preenchida no meio dos 365 dias do ano. Pessoas inúteis precisam de dias inúteis, onde podem ser elas mesmas sem cobrança dos demais úteis ou que se acham úteis. Eu sou inútil e vou muito bem, obrigado. Nunca plantei uma árvore, não tenho filhos e não consegui concluir um livro.
Prefiro fantasiar que dias inúteis existem e nós não percebemos, ou apenas percebemos no final deles depois de fazermos o balanço do nosso progresso como vivente. Posto fim na carreira de gente como alguns outrora julgo que se foram num dia inútil, ou até mesmo bem útil planejando sua partida, sabe Deus pra onde. Eu sei...
“Pros quintos”.
Coisa chata quem suicida! É um egoísmo tremendo deixarem essa vida sem pedir opinião dos outros. Outro dia tava no jornal um “quem” que se enforcou deixando mulher, filhos e outras coisas mais, talvez uma conta de bar, vai saber. Só sei que a situação está preta e se você não está nas mãos de Deus, está na unha do capeta. Enfim consegui encaixar um ditado antigo entre minhas balelas escritas. Segue...
Inutilidade seria pra definir o nada ou serve pra nada, nem vou me dar o trabalho de abrir o Aurélio, mas pensem na possibilidade de agora mesmo enquanto lê esse texto estarem pensando em uma pessoa inútil, isso mesmo! Inútil, sem qualquer utilidade ou valor. Vamos! Arrisque! Sou capaz de dizer que não conseguirá tal feito. Vamos aos fatos:
A sua prima fútil que não liga pra nada, não trabalha e depende dos pais pra tudo, inclusive pra pintar o cabelo e colocar créditos no pré-pago há de ter um talento escondido. Isso mesmo senhoras e senhores! Ela sabe inglês! \o/ < me permitam esse sinalzinho cretino. Lembram do mais chato bêbado que te pedia um cigarro quando você ia a padaria tomar café? Pois é amigo, ele sabe tocar trombone. De vara! Pasmem-se ou corram para as colinas, mas venho por meio dessa merda de texto revelar a vocês que a única coisa inútil nesse mundo é a palavra INÚTIL. Pois não há de ter qualquer pessoa ou algo que mereça tal título. Sempre se acha o que fazer com algo ou alguém. Até mesmo com esse texto.
Enfim, dias inúteis são todos aqueles em que você se sente mais útil.
A poesia está na contradição da frase e não é pra ser entendida. Seria uma frase inútil.
Ou útil.
Obrigado, pode desligar.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Madrugada insone n°01

É noite... meia-noite...

A névoa, sempre doce e gentil,
protege o vale dos sonhos desaforados.
Nos cafés, conversas sobre velhos tempos
encobrem as notas de um saxofone oxidado

Retalhos de paixões ginasiais
costuram-se em um manto de lembranças mistas
Alegrias e tristezas embebidas em rum
Semelhantes a uma roleta-russa totalmente carregada.

São versos curtos, a hora é tarde.
A inspiração é entorpecida pela sobriedade
Paradoxal e ao mesmo tempo elucidativo
Como faca cega de dois gumes.

Chega.

Bloqueio





Hoje nada escreverei,
estou me sentindo um legítimo escritor,
portanto, estou com bloqueio.

Não vejo razão para falar das belas canções que andei escutando,
das boas conversas que me ensinaram muito,
das últimas ocasiões que me fizeram ver
que a vida é tão simples (mas não tão bela como diz o poeta)

Não consigo encontrar as palavras certas
para descrever a emoção que sinto
agora que me redescubro como pobre culpado
e que talvez um dia volte a enxergar.

Não, eu não me vi com asas,
apenas aprendi a andar torto
nas vielas que se escondem em nossa alma,
que se escondem da nossa alma,
que se escondem com nossa alma,
e dormem com nossa alma.

Mas talvez um dia eu escreva sobre isso,
hoje estou com bloqueio,
escreverei apenas duas linhas